terça-feira, 28 de outubro de 2008

Sabotagem



Olá, pessoas!


Hoje é o dia 70 desde que enviei ao Tio Sam o pedido de autorização para trabalhar. Começo a achar estranha a demora, já que tem gente que recebe o documento em 15 dias. Creio que sou uma possível vítima de sabotagam.

Não, não acho que algum funcionário do governo norte-americano está atrasando minha vida, tenho uma desconfiança muito mais palpável. Só pode ser ela, a Isa!!!! Eu simplesmente não tenho acesso à caixa de correio. A chave está sempre com ela, que insiste em considerar desnecessário fazer uma cópia. Toda dia quando ela chega do trabalho, e eu estou de banho tomado, cheiroso e com o jantar pronto no fogão, sempre perguntou: chegou? Não, nunca chega a tal autorização.

O pior é que começo a me aconstumar com a vida de dono de casa! A comida já está melhor, já sei combinar as cores das roupas para pôr na máquina, descobri que não se deve passar ferro quente sobre roupa com estampa e sei cozer furos em uma meia-calça de forma a deixá-los imperceptíveis. A Florzinha tem inclusive um prato predileto do meu receituário: boi quente - cachorro quente ao forno feito com picadinho de carne servido com salada e batata palito ao forno. Para ter detalhes da receita, aguarde o manual.

O duro é que preciso de dinheiro para terminar de pagar o mestrado, faltam-me cerca de sete mil dólares. Sem falar que circular sem dinheiro no bolso é uma sensação bastante desagradável. Um casal de amigos passou uma semana em Nova Iorque e quis enviar a eles um material da campanha eleitoral daqui, broche, adesivo, santinhos, por conta de umas discussões que divemos sobre Mcain e Obama. Pois sim, escrevi um bilhetinho, preparei o envelope e fui ao correio. Tinha fila, não sei o que tanto os aposentados daqui vão fazer no correio. Tem sempre vários na fila. Aguardei a minha vez, a mocinha mediu, pesou e apalpou o embrulho, quis saber se a parte sólida era f'rágil, disse que não e ela fechou a conta: nove dólares. Nove dólares!! Só para mandar umas coisinhas daqui para ali... Cato minhas moedas e as cédulas amassadas, somo tudo, e o povo nervoso na fila, recolho as moedas que cairam no chão. Nesta hora a impaciência coletiva começou a ganhar volume e dei minha vez ao próximo. Contei todo o dinheiro no balcão ao lado, três vezes: US$ 7,55.

Voltei para casa sem postar a porcaria da carta. E tomei uma decisão. Desde então, ando sem um centavo no bolso. Assim não passo constrangimento, sei que estou sem dinheiro e ponto final.
(imagem: portugues.istockphoto.com)

Um comentário:

Matuca disse...

Então,

Guarda ai os santinhos e me manda depois!!! Eu espero vc voltar ou alguem resgatar ai...