sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Rumo ao inverno


Começa a esfriar bastante cá em cima. Ontem amanhecemos a menos cinco. Mas a temperatura subiu ao longo do dia. Seis graus foi a máxima.

Hoje às 08h50, quando sai para a biblioteca, encontrei meu carro com uma bela camada de gelo. Ficou até simpático, já que o descolorido do teto ficou encoberto.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ponteiros mais distantes



E estamos mais longe, ao menos no relógio. Quando cheguei aqui a diferença de horário entre Asheboro e Brasília, Salvador ou até Feira de Santana (três batidinhas na madeira) era de uma hora a menos. Dez da noite aí, nove da noite aqui.

Com o horário de verão, Brasília ficou duas horas na minha frente. Salvador e Feira ficaram na mesma, porque na Bahia dá uma canseira puxar o pininho do relógio mesmo que seja para ganhar uma hora de sono no primeiro dia.

Agora, estamos cá em cima no horário de inverno. Assim, estou três horas a menos de Brasília, duas horas a menos de Salvador e a 7 mil quilômetros de distância de Feira de Santana.

Beijos e saudades,

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

6,5% + 1


Estou coisificado, virei número: desde às 11h15 de hoje faço parte oficialmente das estatísticas do desemprego nos Estados Unidos. Finalmente recebi o número do Seguro Social. Agora, aleluia, nada mais me falta para trabalhar. So o emprego, claro...

Antes, mesmo que quisesse, ainda não dava para ser contratado. Só o cartão de permissão para trabalhar é insuficiente, porque em todo lugar que ia pediam o tal do Seguro Social. Pois está em mãos - empregadores, me achem!

Somos 6,5% de desempregados cá em cima. É o número de outubro divulgado pelo Departamento de Trabalho, o equivalente ao nosso Ministério homônimo. A taxa é a maior dos últimos 14 anos. Ótima época para um mal falante de inglês procurar emprego, não?

Pois então acendam velas, entoem mantras, recebam passes, façam promessas, baixem espíritos em meu nome. só não vale cortar o pescoço da galinha ou costurar a boca do sapo.

Beijos e saudades,

(imagem: www.georgetowncustomhomes.com)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Búfalo avoa???


Búfalos não voam e eu devia ter lembrado disto no sábado passado. Estávamos ainda no alto das montanhas, em Wilkesboro, um frio da porra, e fomos jantar no Applebees. É um restaurante de rede, aliás, tudo aqui é rede, ninguém consegue manter aberta uma lojinha de esquina. Os gigantes te engolem em dois segundos. Bom, ao menos não é fast food.

A Isa insistiu para que eu escolhesse o jantar. Detesto escolher prato, acho cardápio um saco. Ou melhor, o cardápio tem duas funções sociais importantíssimas: ocupar seu tempo naquele chatíssimo almoço de negócios ou te proteger de reconhecimentos indesejáveis.

Já não gosto de escolher a comida em situações normais, sem grana para pagar a conta a missão é ainda mais cruel. Fiz a opção óbvia, o mais em conta financeiramente. Tinha lá um combinado de 20 dólares com dois pratos principais, um de camarão e outro de pasta com frango. E ainda podia escolher uma das duas entradas disponíveis. Foi aí que a coisa pegou.

A entrada podia ser um lance com batatas ou algo que eu desconhecia: buffalo wings. Claro, fui para a inovação! Nunca tinha comido carne de búfalo na vida. Até achei estranho e ainda comentei: vamos comer camarão, frango e carne vermelha na mesma refeição... A Isa deu um risinho de canto, daqueles que eu dou antes de pregar alguma peça nela. Qualquer dia conto da vez em que 'roubaram' nossa cama de casal e a Isa teve de dormir no chão do corredor em nosso primeiro ano de casados.

De volta ao Applebees. Nossa garçonete-gorjeta-de-20% trouxe as tais buffalo wings. Prato bonito, combinação de vermelho com verde. A Isa, de cara, declinou: não consigo comer o prato principal se aceitar a entrada, fique à vontade meu amoooor...

Que ixxxcrota, pimenta pura!!! Claro, também não era búfalo, e sim frango. Buffalo, explicou-me gentilmente a Isa depois dos dois litros de coca-cola (era refil, então pude beber à vontade), é um codinome para pratos apimentados. Buffalo wings: asas de frango desossadas servidas com muita, muita pimenta. Daquelas de fazer baiano suar e mexicano pedir arrego.

Continuo sem ter provado carne de búfalo. Seu-Zé-lá-da-retaguarda sofreu um bocado durante a madrugada, mas comi as tais asas por inteiro e minha honra foi mantida.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Cemitério


E foi em Boone que me encontrei: agora sim posso morrer. O livro fica para outra encarnação. Me enterrem no WalMart e está tudo ótimo, a Isa continuará comigo além da vida.

Subimos as montanhas no fim-de-semana passado, fomos a Wilkesboro, Boone e Blowing Rock. Lembra do Daniel Boone? Aquele mesmo do seriado, que tinha esposa, um filho, uma filha e um índio amigo? Pois esqueça. Ele não é de Boone. Até passou por aqui no século 18, mas fixou residência mais para cima.

Para fugir de um texto chatíssimo do mestrado (aliás, o mestrado é a causa das postagens menos frequentes) me dei ao trabalho de pôr legenda em algumas fotos na apresentação da esquerda. Perca alguns segundos para ver as imagens.

As árvores de Natal daqui nascem na terra mesmo e, dizem, as que ornamentam a Casa Branca saem destas que estão retratadas.

O mais impressionamente: uma loja de artesanato brasileiro em plena Blowing Rock, meio do nada! Um missionário daqui compra colares, vasos, redes e badulaques no Maranhão, São Paulo e Brasília e vende aqui. Investe parte do valor arrecadado na melhoria das condições de vida dos artesãos. Um colar de açai sai por US$ 36. Figura interessantíssima esse tal Steve. Está há quase oito meses sem mercadoria porque foi prejudicado por greves na Receita Federal e nos Correios do Brasil. É a globalização.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Votação

E lá se foi a Marisa toda feliz para a escola hoje. Diz que ajudou a eleger o presidente. Votou em Obama. Quer dizer, ela não admite, diz que o voto é secreto, mas tirou uma foto ao lado de um cartaz da campanha democrata, o que me leva a crer que votou nele.

Percorremos três zonas eleitorais e em nenhuma as prometidas filas se materializaram. É uma surpresa, já que a votação é feita em papel. O sistema eleitoral daqui é uma comédia, você pode fazer o registrar no dia da votação. É como tirar o título de eleitor no domingo do pleito. E a votação começa mais de um mês antes da eleição e você pode votar pelo correio.

Outro dia ouvi uma entrevista da, digamos, presidente do TRE de Ohio. A coitada levou pedrada de todos os lados, do apresentador do programa de rádio e dos ouvintes. De forma muito envergonhada, ele teve de admitir que alguém pode se registrar e votar em mais de um estado, caso este estado não faça parte de um sistema interligado. O problema é que o sistema interligado inclui pouquíssimos estados. Ohio que o parta!
(fotos à esquerda)

domingo, 2 de novembro de 2008

Halloween: fila de espera no hospital

Todos vivos após o primeiro Halloween. Os riscos foram altíssimos, desde o sequestro de crianças às que morrem sufocadas em sangue após mastigar uma gilete colocada dentro do doce.

Este é o país das lentas urbanas. O homem do saco aqui tem uma sacola maior que a do Papai Noel e pode levar diversas crianças ao mesmo tempo. A mulher de branco agora não apenas leva o rebento como lhe retira o rim para vender no mercado internacional de transplantes. O bom é que ao menos o moleque fica vivo, dentro de uma banheira cheia de gelo em um hotel de quinta categoria à beira de uma estrada qualquer. E sempre estrada secundária. Garantia de vida só na interestadual, nunca saia da interestadual!

Recebemos alguns amigos em casa para o Dia das Bruxas. Uma pequena Babilônia, gente da Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos. O Chavez não mandou representante. O preço da gasolina está baixo demais para venezuelano pensar em gerar renda na terra do cachorro quente. A Isa não disfarçou a verruga do nariz, foi ao Wal Mart de vassoura e preparou uma bela sopa no caldeirão. Marisa usou sua roupa de líder de torcida e nos deu o prazer de passar a noite fora de casa. E a seguinte também, só reapareceu no domingo.

Agora temos de comer os quase 300 doces amealhados na festança. Antes, porém, eles têm de passar por um raio X no hospital mais próximo.