quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Milionariamente só



Passam das três horas da tarde e faz sol. Está frio, 12 graus ou algo assim pelas minhas contas. Aqui eles usam um tal de Faren...qualquer coisa e até saber a temperatura vira uma operação complicadíssima.

Acabo de descobrir que fechando os olhos a madruga surge, o que é sempre perigoso quando a folha em branco olha para você. Cai na besteira de assistir sozinho ao DVD ao vivo do Capital Inicial. Queria tentar me achar em meio à multidão, já que a gravação foi na Esplanada dos Ministérios no aniversário de Brasília.

Bom, é 21 de abril. Feriado para uns. Dia de branco para outros. Sou um dos outros. Mas nem é tão branco assim. Antes das 11 horas já estava liberado.

Não está fazendo sentido, né?

Recomeçando.

Bom, é 21 de abril e o GDF preparou uma mega-hiper-super-power festa de 18 horas de duração na Esplanada dos Ministérios para comemorar os 48 anos de Brasília. Previsão de um milhão de pessoas. Segundo a PM, um milhão e duzentas mil passaram por lá. Há quem diga que o feriado do dia 21 é em homenagem a Tiradentes. Como hoje há também aqueles para os quais Joaquim sequer existiu (você realmente crê que o Armstrong pisou o solo lunar?), sempre associei o 21 de abril ao aniversário da Capital. É como o Dia das Crianças. Que papo é essa que é dia da padroeira?!?!?!?!?! Eu quero é meu presente!

Pois sim. Por causa da festa, trabalhei das 07h30 às proximidades das 11h00. Como esperava ficar durante todo o dia por conta da festança, recebi de muito bom grado a notícia de que podia pôr a viola no saco e curtir o resto do feriado em plena segunda-feira. Fui deixado em casa e resolvi pegar a bicicleta para dar uma volta pelo outro lado da Esplanada, a 'Brasília de cá' como diria Walter Lima. Durante as poucas horas de trabalho, transitei pela 'Brasília de lá', aquela dos palanques e palácios. Acabei contagiado pela festa, muitas famílias, gente que em geral não tem opções de lazer (teve metrô de graça) e resolvi voltar no início da noite para dois shows, um em comemoração aos 50 anos da Bossa Nova e outro do Capital Inicial. Aliás, a escolha dos espetáculos foi muito bem feita, tinha para todo mundo, de Rebeldes a Orquestra Sinfônica.

Da 'Brasília de lá' trouxe no pulso uma pulseirinha (pleonasmo ridículo, desculpe. O cara inventa a palavra para simplificar as coisas e eu desmancho tudo) que me dava acesso ilimitado aos shows. Neste ponto, você tem o direito de perguntar: Como assim ‘acesso’, se a festa era para a multidão? Então, vale registrar que as comemorações foram bem a cara de Brasília: por níveis, cada macaco no seu galho (lembrei agora de uma moça que trabalhou lá em casa, que nunca tinha ido ao Park Shopping ou ao cinema).

Para não ser chato, não a festa era estratificada, mas sim os shows. Havia grandes áreas VIPs diante dos palcos e alguém da 'Brasília de cá' jamais chegaria a menos de algumas dezenas de metros de quem cantava. Eu podia dizer, por questão pseudo-ideológica, que tinha resolvido ficar na área destinada aos não-VIPs, mas vou admitir que estava tudo tão cheio de gente que sequer consegui chegar na frente de palco para o Capital Inicial. Minha pulseirinha no pulso (!) não pôde ser mostrada a alguém e perdeu o efeito mágico de abre-te Sésamo.

Resolvi ir ao show do Capital porque os caras iam gravar um DVD e quem sabe eu aparecia na imagem? Tentar fazer parecer à Isa e à Marisa que os longos sete meses de solidão candanga não foram tão duros e até me diverti. Olha eu ali!

Só que de tanto pensar em me divertir, ou fazer assim parecer, senti uma profunda solidão, daquelas que exigem uma pessoa conhecida ao lado nem que seja apenas como figurante. Olhei para os lados e vi num relance dezenas, centenas de rostos desconhecidos. É sempre muito comum encontrar pessoas conhecidas em grandes eventos, mas olhava em volta e não reconhecia ninguém. Intrigado, resolvi andar pela multidão em busca do meu 'alguém'. Não me parecia possível deixar de reconhecer unzinho sequer em meio a milhares. Pois não é que, no bolo de um milhão e duzentas mil pessoas, estava completamente só? Nada, ninguém. Ninguém mesmo. Nem um daqueles 'acho que já vi esse cara' ou 'conheço essa moça de algum lugar'. Nada, absolutamente nada. Um milhão e duzentos mil estranhos, disformes, cantando "se você não entende, não vê / se não vê, não me entende".

E eu via, mas não entendia.

Daí veio aquela ânsia. Ligo ou não ligo? Quando sua existência é transferida para outro país a conta do celular passa a ter um peso inacreditável no orçamento doméstico! Ligar ou não ligar para a Isa? Ligo ou não ligo? O número está programado no celular, é só apertar um botãozinho de nada...

Claro, liguei.

Ou melhor, tomei a decisão de ligar. Tateio o local onde fica o celular e... nada. Estava com uma calça com onze bolsos, muito útil para dias de multidão - um assessor de meia pataca sempre tem tudo à mão, procuro em um, outro, mais um, aquele super escondido. Cadê a porra do celular? Nada. Fui roubado!

De fato, ninguém jamais está só. Tem sempre alguém de olho em você...

3 comentários:

Anônimo disse...

Querido M!
Como somos os atuais "atoas" da família, já que somos ambos donos de casa. Eu por conta da licença-gestante(que já está no seu ocaso) e você por opção, temos a vantagem de navegar na internet sem peso de consciência :)) Somos livres, apenas presos no dia-a-dia estafante da arrumação da casa.

Estou atrás do seu email, seus primos são um tanto lentos para me dar esta infomação. Assim qu consegui-la, nos falaremos por um meio mais inteligente.

Beijos

Vou aos EUA em janeiro de 2010, marido irá correr a Maratona da Disney pela segunda vez, estamos pensando em dar uma passada ai.

Beijos

M! disse...

Tanbem procuro seu e-mail, pedi a Carol e aguardo resposta. Mas te dou o meu agora, e a gente resolve esse problema de comunicacao: marciotpeixoto@gmail.com

Estivemos na Disney em janeiro. Muito cansativo, vou levar pedrada de todo lado, mas garanto que a Disney nao e paraiso nenhum, pelo contrario. Mesmo assim, devemos voltar la em dezembro de 2009. A depender da data que voces forem em janeiro, a gente pode esticar a viagem. De qualquer forma, de Orlando aqui para casa da exatamente oito horas de carro, e e uma viagem super tranquila e agradavel. Mande o e-mail e a gente conversa melhor. Saudades

Anônimo disse...

Cabe aqui um protesto!!!!
Oooooooooo Lagartixa... você está enrolando os dois???????????????????