sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Bi-campeã!


Marisa acaba de sagrar-se bicampeã.

Como não sei se tem hífen, vai com no título e sem no texto, assim tiro cinco e fico na média, como sempre foi minha vida escolar. Na verdade, dizer que eu era média é licença poética, porque tenho diversas notas 4,5 ou 4,0 e por aí vai escada abaixo, como 1,1 ou 2,2 (ambas em redação, vá lá entender como alguém nessa situação vira jornalista...) culminando com um zero na sétima série. Acho que já falei disso aqui, mas vou repetir que foi em matemática a tal da média zero. Zero escrito à mão no boletim. Zero na primeira avaliação, zero na segunda. Ou zero no teste e na prova, como a gente fala lá na Bahia. E olha que eu respondi a todas as questões, com cálculos e tudo mais. As respostas podiam não estar certas, mas não eram inventadas não - todas as contas entavam lá para prová-las.

Só um parêntese, culminando é uma palavra horrível, parece coisa de quem está em plena crise de hemorróida. Fecha parêntese.

Pois Marisa é bicampeã. No ano passado ela ganhou a Feira de Ciências do colégio. Ainda estava na escola elementária (não sei se o termo é esse, aqui é Elementary School, pode ser que seja elementar, meu caro Watson). E agora, no primeiro ano da escola média (essa eu devo ter acertado, porque não vejo outra tradução possível para Middle School) ela acaba de ganhar outra feira, a de... matemática.

Depois dessa, tem jeito não, só pedindo DNA. Filha minha campeã escolar e logo em matemática? Tá na cara que tem dedo do vizinho (mais provável que tenha sido outra parte da anatomia masculina). O que pode salvar a Isa da guilhotina é o fato de a Pequena ser neta de seu Fernando e sobrinha de Téo, Lu e Lore, quatro CDFs consagrados. Painho só ouvi dizer que era cedê, mas o primogênito e as duas fedelhas pós-Marcio acompanhei de perto, a cada boletim com 10 de cabo a rabo. Ridículo, eles tiravam 10 até em ensino religioso e educação física. Duro crescer numa família assim, mas tá aí a terapia para me ajudar e a Florzinha para me redimir.

Pelo sim, pelo não, segue o projeto campeão da 6th Grade Math Fair da South Asheboro Middle School 2009-2010, com texto no original. Eu ia fazer uma tradução livre (adoro essa expressão, me sinto um gênio quando faço uma 'tradução livre'), mas os cus-de-ferro lá de casa não dominam o inglês, então me deixem saborear essa única vitória escolar (não que eu domine o inglês, longe disso, mas ao menos entendi o projeto):

Magic Numbers

You know some of those riddles that a person guesses the number you are thinking? And don’t they normally get it right? Here is an example of those riddles with a how to.

Here’s the number riddle:

• First, just think of a number from 1-10. Keep it a secret.

• Now, multiply whatever number you chose by 2.

• Add 4 to this number.

• Whatever number you have, divide it by 2.

• Finally, subtract your original number from the number you have now.

• Concentrate on your result.

• Was your answer…
(Open curtain)
2

How To:
This problem involves a little algebra:

First, choose a number from 1-10.
(I don’t know what your number is, so I am going to call it Y)

Now, multiply your number by two.
(Y is now getting multiplied by 2 leaving me 2 x Y)

Add 4 to this number
(2 x Y turns into 2 x Y + 4)

Whatever number you have, multiply it by 2.
(Here’s the whole thing: 2 x Y + 4 gets divided by 2. Half of two Y’s is one Y and half of 4 is 2. This leaves me with 2 + Y)

Finally, subtract your original number from this number.
(I subtract y from 2 + Y, leaving me with 2 + Y – Y = 2. It doesn’t matter what number you start with, I am always going to end up with 2.)

Now you can go and test your friends!

A explicação é muito complexa para o meu matematiquês, mas fiz com todos os números de 1 a 10 e sempre deu 2 como resultado. O pior de tudo é que eu desconfio que a Marisa tem preferência pela matemática. Ela decidiu não participar da feira de ciências este ano. Eu achei muito estranho e perguntei a razão. Ela disse que preferia se concentrar na feira de matemática, para fazer um ótimo projeto ao invés de dois mais ou menos. Assim, fria e calculista.

Beijos e saudades, tão certo como 4 vezes 8 dá 34.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Inferno de Disney


Olá, pessoas!

Nunca li a Divina Comédia. E é bem provável que jamais a leia, já que (1) não sou lá fã de poemas em geral e dos épicos em específico e (2), infelizmente, já me faltam zilhões de horas nesta vidinha para ler o que realmente me dá prazer (ou daria, posto que basta ir a uma livraria, biblioteca ou simplesmente percorrer minhas estantes para dar de cara com mais coisa que gostaria de ler e sei que não vou ter tempo). Mesmo assim, a viagem de férias me fez mudar a imagem que tinha da obra.

Antes, quando eu pensava no inferno de Dante (se é que eu pensava nisso), me vinham as ilustrações de Dalí ou mesmo o quadro do Botticelli, mas agora alcancei o que os norte-americanos gostam de chamar de “big picture”, deixei de lado a visão parcial e descobri a alma do negócio. O inferno na terra, descrito por Dante num livro que não li e nem pretendo, está materializado: Walt Disney World.

A desconfiança de que aquilo lá era uma loucura veio da primeira vez que por lá passei, no Natal de 2007, com a Isa e a Florzinha. As filas eram monstruosas e os caras achando tudo bom, porque nas férias de verão, especialmente em julho, haveria muito mais gente. Pior do que aquilo? As filas são tão grandes que eles criaram níveis. Você tá lá olhando uma porta com 200 pessoas na sua frente, mas tá pertinho, oba! Passou pela porta? Parabéns, você acaba de entrar no próximo nível da fila. Mudam a decoração, o ambiente agora é fechado e climatizado, mas é apenas mais do mesmo: uma boa e velha fila. Há brinquedos em que há quatro níveis de fila, e toda vez eu achava que tinha chegado nossa hora, mas após cruzar o maldito portão dava de cara com outras 400 pessoas em um novo ambiente. Quem teve a chance de ir ao matadouro lá em Feira de Santana não consegue evitar a associação e se sentir como uma vaquinha na fila do abate.

Eles colocam no fim das filas umas plaquinhas interessantes informando o tempo de espera. Em 2007, a menor demora que vi foi de 30 minutos e a maior, de 210. É isso mesmo, três horas e meia na fila para passar 90 segundos em uma montanha russa. E ainda correr o risco de um gringo vomitar em você ou ficar ouvindo brasileiro falando besteira achando que ele é o único a entender português. Aliás, essa é outra característica da Flórida, brasileiro dá em árvore. Você pode passar dias sem ter de gastar o inglês, porque nas lojas e restaurantes há conterrâneos trabalhando. Alguns. A maioria está mesmo comprando, (muito, nunca vi brasileiro sem sacolas cheias. Cadê a tal da crise? Não chegou por aí não?). E nos brinquedos da Disney também relaxe, porque nas principais atrações há instruções em áudio e texto em português. Fora os monitores. Segundo uma paraibana que conhecemos lá, 900 jovens brasileiros estão em intercâmbio de trabalho na Disney neste fim-de-2009-início-de-2010. Estudam inglês por um período, trabalham no outro. O trabalho deveria ajudar a desenvolver a comunicabilidade no segundo idioma, mas é inútil. Os funcionários do Walt usam um crachá com o nome na primeira linha e a origem, na segunda. Então, monitor brasileiro só fala mesmo a língua de Camões.

Chega de informação, que isso já tá com cara de reportagem mal apurada. De volta ao inferno. A Disney de 2007 foi cansativa, mas como era a primeira vez tinha o gostinho do novo, então, até fila era festa. E a gente ainda levou a Marisa sem que ela soubesse, então, ganhamos um momento Mastercard quando a gente deu o ingresso à Pequena. Mas agora estivemos de novo lá e em um grupo bem maior. Nove pessoas. E a idéia da Disney foi minha! Meus irmãos estavam vindo nos visitar e sugeri que a gente se encontrasse em Miami e subisse de carro para a Carolina do Norte, fazendo um roteiro turístico pelo caminho. Tenho a impressão de que conhecer a Disney faz parte do inconsciente de boa parte da classe média brasileira. Acho que estava certo, porque minha irmã quase chorou porque não conseguia tirar uma foto com o Mickey. No fim, acabou passando duas horas numa fila e bateu o tal retrato com o rato. Pegou o autógrafo também. Beliscou a bunda e deixou o telefone, mas o Mickey ainda não ligou.

O duro é que tenho plena certeza de que ainda terei de voltar à Disney. Não tenho qualquer plano para isso, mas me parece claro que vou retornar ao inferno com sobrinhos/sobrinhas ou até mesmo com os herdeiros da Florzinha. Quando isso acontecer vou usar na imigração as palavras proibidas no linguajar aeroportuário e fazer o grupo ser deportado a São Paulo. Assim, a gente vai ao Parque da Mônica (corre, que vai ser despejado do Shopping Eldorado), ao Hopi Hari e ao Playcenter. E ainda ganha de brinde o Masp, a Pinacoteca, o Ibirapuera, as Culturas do Conjunto Nacional e o fantástico Museu da Língua Portuguesa. Nas filas tupiniquins ao menos, espero, os brasileiros não tratam a pátria como uma porcaria ou falam do Tio Sam como o melhor lugar do mundo, enquanto estão apenas como turistas na caríssima Disneylândia.

Beijos e saudades,

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ainda vivo


Olá, pessoas!

Vou retomar o monólogo de sempre aqui no blog. Nem lembro quando foi a última mensagem, mas já explico que o motivo do afastamento está superado: sou mestre!

Falta o diploma chegar, mas a dissertação está concluída, apresentada e aprovada. Meu grau foi concedido em 31 de dezembro (o povo trabalha mesmo aqui no último dia do ano, pode?!??!).

Além disso tivemos visitas do Brasil praticamente de novembro até o dia 16 último. O que deixou o blog ainda mais de lado. Ao todo, passaram por aqui - em períodos diferentes - oito pessoas. É bom registrar que a visita maior foi a da sogra, quase um mês. E de novo, já que em março ela também esteve por aqui. Visitamos um bando de lugares com esse povaréu: Miami, Cabo Canaveral, Orlando, Daytona, Saint Augustine, Atlanta, Charlotte.

Bom, em resumo, estamos começando a arrumar as malas para a volta. Pretendemos estar em Brasília antes do fim de junho. A Isa trabalha até 13 de junho e depois disso temos umas coisinhas para resolver (vender carro, móveis, achar uma casa para o gato, blá, blá, blá).

Na foto, Marisa recebe um delicado beijo do primo Victor. Ficou roxo três dias.

Beijos e saudades,