sexta-feira, 8 de maio de 2009

Vai um cupomzinho aí?



Os Estados Unidos podem ser definidos de várias formas, o país do fast food, a terra das oportunidades, a paixão pelos carros, a loucura para sempre comprar mais, a torcida fanática do basquete. No entanto, só morando aqui é que a gente descobre a verdade: este é o país dos cupons.

Tem cupom para tudo, para desconto no papel higiênico, para ganhar brinde na sorveteria, para baixar o preço do sabão em pó - que aqui é líquido, para dobrar o tamanho do seu hambúrger, para deixar a patroa mais ajeitada. E eles se reproduzem. Uma vez dentro do mundo dos cupons, você jamais sairá dele.

A Isa, que consegue bancar as próprias contas e ainda me dá uma mesada, habita o planeta cupom. Os que ela mais usa são da Bath & Bady Works, uma espécie de Avon que queria ser Victoria Secret. Funciona assim: você faz uma compra e recebe um cupom para sua próxima ida à loja. Desta forma, se você comprar US$ 30, recebe US$ 10 de desconto. Na melhor compra com cupons feita lá, no Natal, Isinha trouxe uns sabonetes de US$ 5 cada por US$ 1,80. Graças ao cupom, temos sabonete aqui em casa até 2014. Ou melhor, aqui em casa e aí em casa, porque vamos ter de voltar com as malas cheias de sabonete.

A coisa é tão bem feita que a Isa praticamente se vê obrigada a ir todos os meses à Bath & Body Works para aproveitar os descontos. Os cupons têm datas de validade, podem ser usados em um intervalo que varia de três a 15 dias, mas quase sempre no mês seguinte ao que você faz a compra. Camarada, quem inventou a Amway não ia deixar barato algo que parece de graça. Os cupons fazem a mercadoria girar e sempre levam gente às lojas, que acabam comprando mais do que queriam ou precisam.

No mercado do Walter eu vejo cenas hilárias de gente perdendo cinco, dez minutos para casar o produto com o cupom. É difícil achar o papelzinho certo, que em geral está em um bolo com dezenas ou centenas de outros. Claro, há os organizados, que têm pastinhas com os cupons catalogados e divididos por produtos os fabricantes. Alguns são revoltados, como o cara que tinha o cupom para comprar o ceral e ganhar o iogurte da mesma marca, mas nós não tínhamos o iogurte e ele queria que a gente parasse de vender também o ceral para não fazê-lo passar raiva. E há os solidários, esses são os que mais me divertem. Tem alguém olhando o produto X na prateleira e aquela senhora de boa alma chega e diz: "olha só, eu tenho um cupom para esse xampu, tá aqui, é seu". Na prática, de cupom em cupom há famílias que chegam a economizar 25% nas compras de mercado, já que os descontos são reais.

Ah, e não são só descontos, tem coisa de graça também. Ontem a Isa ganhou de uma professora um cupom para o novo prato do cardápio do KFC, Kentucky Fried Chicken - aqueles frangos fritos que não têm uma gota de colesterol, e sim litros. E lá fomos eu e ela para o KFC comer de graça. Mas sabe como é, né? Dá uma desconfiança... Eu perguntei "Isinha, será que vai ser de graça mesmo, tô com medo de passar vergonha com esse trem na mão...". Pois bem, quando eu abro a porta da lanchonete, candangos e baianos, tinha uma fila de 20 pessoas com os cupons na mão. Todo mundo querendo seu franguinho, com batatas e salada de repolho, de graça. O cupom - impresso a partir de um site - só valia para ontem. Até que estava bom, mas desta vez o cupom falhou, o FKC não faz parte de nossa lista de fast food.

Um comentário:

Unknown disse...
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