sexta-feira, 8 de maio de 2009

sogra, unanimidade mundial



O Oraite vai voltar a ser rotina. Os quase dois meses de ausência são plenamente explicáveis: é exatamente o período que a mãe da Isinha passou aqui conosco. Mainha, que certamente é a melhor sogra do mundo, sempre me ensinou a guardar o silêncio se não houver nada de bom a ser dito. Foi melhor, então, manter o teclado no saco durante a estadia da Sogra.

Eu já disse que faço um curso de inglês no Community College? O nome é Advanced Writing and Conversation in English. Pois é, fiz uma prova de nivelamento e o computador, mais preocupado em olhar o cabo da nova impressora, me nivelou como adivancedi. Mas não era do meu nível adivancedi de inglês que eu queria falar, e sim sobre a sogra.

Como os 25.003 moradores de Asheboro têm uma vida social, noturna e cultural tão repleta de atividades e emoções que a cidade deveria se chamar Asheboring, eu decedi levar a Sogra para as aulas, que acontecem todas as manhãs das 09h30 às 12h30. Aliás, aconteciam. Hoje foi o último dia do curso de inverno. Vou saltar o curso de verão, já que a Florzinha vai ao Brasil aproveitarei para adiantar uma matéria no mestrado, e devo voltar no outono. Sou obrigado a abrir o parêntese. Como é diferente viver em um local com quatro estações. Tudo aqui acontece de acordo com a época do ano, desde o que você come ou veste, passando pelo quê está nas prateleiras no mercado do Walter até as piadas contadas pelos corredores e quantas vezes se faz sexo. Graças a Deus, o inverno já passou. É por isso que o povo se mata no frio, ninguém trepa. Fecha parênteses.

A sogra e o community college. A turma é uma loucura, tem gente de todos os continentes, de Butão à Suécia. Se as regras de crase mudaram com a reforma ortográfica, alguém por favor me avise. Do Brasil só eu mesmo. Antes de levar a sogra pedi autorização ao professor norte-americano e avisei aos colegas multinacionais. Eis aqui o maior aprendizado que tive no curso de adivancedi English: sogra é sogra em qualquer lugar do planeta. Eu achei que fosse coisa de brasileiro, no máximo do Ocidente, implicar com a mãe alheia. Pura inocência. No Japão, aquela ilhazinha minúscula com milhões de pessoas, eles desejam à sogra o que há de mais caro no país: um pedaço de terra só dela. Na China, uma imensidão de terra, eles não querem a sogra em um lote de 2X1, mas sim em um lindo pote de porcela no jardim no quintal. Em alguns países andinos há quem plante pés de coca na casa da sogra para ajudá-la a ter uma renda extra, mas o caso sempre termina mal porque a polícia invariavelmente recebe uma denúncia anônima. E por aí vai.

Mas há aquele colega do Vietnã. A Carolina do Norte é sede de um enorme grupo de refugiados políticos do Vietnã. E o meu amigo vietnamita, adjetivo pátrio não é meu forte, disse que amava a mãe da esposa. "Sim, sim, sim, pessoa maravilhosa, querida por todos". Eu achei estranhíssimo e insisti: "mas você gosta mesmo da sua sogra, ela é uma pessoa tão boa assim?". "É o que todo mundo diz, eu não a conheci, ela morreu antes de eu conhecer minha esposa". Assim, sim.

Beijos e saudades,

PS.: A Isa sugere que eu escreva que é tudo brincadeira. Tá escrito, viu, mô? Hoje é sexta-feira, eu tô de folga do mercado do Wal, a Marisa está em Washington e, vejam só, é primavera...

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