terça-feira, 30 de setembro de 2008

A química da borracha


Olá, pessoas!

Conclui na sexta-feira 26 meu primeiro projeto como voluntário na biblioteca pública de Asheboro. Estão prontos para microfilmagem todas as edições de The Courier-Tribune, o jornal da cidade (http://www.courier-tribune.com/). Organizei os jornais de 2005, 2006 e 2007. Três anos em três semanas. O Plano de Metas de JK acaba de sair do Guiness.

Muito divertido folhear jornais antigos. Aprendi muita coisa sobre Asheboro, a principal delas é que não somos tão pequenos quanto pensei. Achei que a cidade tinha seis mil habitantes. Na verdade, o número é 25 mil. Para ser exato, 25.003.

Página virada, literalmente, recebi ontem uma nova função: "Marchal, aqui estão um livro e uma borracha. Pense em alguém que você detesta". Perguntei onde havia mais livros para continuar o trabalho. "This one is just fine". Tava na cara - "just fine" - que a coisa não ia ser boa.

Página 1, página 2, página 3 e a borracha intacta. Cinco, 12, 16, 21 e o livro do jeitinho que saiu da prensa. Daí cheguei na 62. Como alguém é capaz de rabiscar tanto um livro de biblioteca? E eu só posso detestar uma pessoa?!?!?! Tenho um call center inteirinho do Visa na cabeça!

Dei início, então, a apagação. Em dez páginas lembrei das minhas sessões de fisioterapia na Asa Norte por causa do uso do teclado. Foi quando veio o estalo: Marilúcia!

Marilúcia foi minha professora de química do terceiro ano. Regra geral, sempre fui um fracasso em matemática, física e química. Isso não quer dizer que fosse bom em português ou história, mas com números a situação era caótica. O fato é que a Marilúcia - agora fiquei na dúvida se o nome era Marlúcia - sempre trazia a química para o cotidiano, além de ser uma bela jovem de vinte e poucos anos, o que por si já é estímulo mais que suficiente para um moleque de 17 anos.

A borracha é um retângulo de 5x2 cm. Eu apagava o livro com, digamos, a cabeça da borracha. Marilúcia. Borracha. Retângulo. Marilúcia. 2x5 centímetros. Marilúcia. Bingo: superfície de contato! Passei a usar o corpo da borracha e aumentei em 150% minha capacidade de apagar os sublinhados das atendentes do Visa. Tenho certeza que uma delas fez os traços com caneta que ilustram o post.

O trabalho ficou menos cansativo, mas não ganhou agilidade. Renderia mais se o livro fosse da Virgínia Woolf (os inteligentes que me perdoem). Só que eu apagava as páginas de Twenty Centuries of Education. Em 590 páginas, Edgar Knight, um norte-americano da Carolina do Norte, conta a história de dois mil anos de educação, desde os gregos até os tempos atuais. Atuais para Knight era a década de 1930. O livro foi publicado em 1940.

As pausas para ler, além de impedir a LER (infame esta), foram muito educativas. Agora sei, por exemplo, que Pestalozzi é, ou foi, uma pessoa - e não uma sociedade secreta que rivaliza com a Maçonaria, como eu sempre pensei.

Foi de Twenty... que também tirei a foto acima, que reproduz uma sala de aula do século 18 na Alemanha. Minha memória de vez em sempre me trai. Imagino tanta coisa desde a infância que muitas vezes tenho gravada uma cena que simplesmente não posso garantir que de fato aconteceu. No entanto, tenho certeza que em várias ocasiões estive sentado na 'cadeira do burro' na Escola Castro Alves, em Feira de Santana. Faltou o cavalinho, mas as orelhas estavam lá, separando o oco.

Um comentário:

Unknown disse...

Para um aficionado por lápis, que dizer de um livro marcado a caneta????????? Tsc, tsc.....

Beijos