terça-feira, 25 de agosto de 2009

Marisa P., Sixth Grader, e o pão de queijo


E lá se foi a Florzinha para o primeiro dia na middle school. Marisa P., Sixth Grader. Junie B., First Grader. Já leu? Vale o riso. São não sei quantos títulos na série, tem tradução em português. Texto de Barbara Park e ilustração de Denise Brunkus. São as aventuras de uma menininha de seis anos no primeiro ano escolar.

Aqui em casa há diversos deles. Embora seja agora uma Sixth Grader a Florzinha mantém a paixão pela Junie B. Jones. B. é a abreviatura de Beatriz, mas ela não gosta do segundo nome e se apresenta apenas como Junie B. O melhor de todos os livros é o Junie B.'s Essential Survival Guide to School. Diz a Junie B. que um bando de gente vai te dar ordens na escola, mas a mais importante delas é a/o principal, a palavra inglesa para diretor. Numa tradução livre (eu sempre quis usar essa expressão!) e incompleta (para manter a força do original): "O principal vive sozinho em uma salinha chamada the office. Eu não acredito que seja bom viver sozinho naquela salinha. Isso pode fazer você ficar louco. Okay, here is the thing: No one actually knows what principal does".

Um belo dia a mãe da Junie B. decidiu que ela iria para a escola no carpool. Junie amou a idéia, pôs biquini e levou toalha na mochila. Ficou muito decepcionada quando a mãe de uma coleguinha chegou para buscá-la, já com outras três crianças no banco de trás e, vejam que absurdo, num carro que não tinha a piscina prometida no nome.

De volta à Marisa P. Desde que voltou das férias no Brasil, há dez dias, a Pequena não fala de outra coisa. Aliás, antes disso até, nas conversas pelo skype, ela sempre perguntava se o material escolar estava comprado e planejava como faria as capas dos cadernos. O amor que a jovem demonstra pela escola, às vezes, me faz duvidar da paternidade. Eu, que fugia da escola e quando painho viajava enrolava mainha com uma dorzinha de barriga para ficar em casa por até três dias consecutivos, tenho uma filha que ama o colégio.

Lembro de uma cena engraçadíssima no pré-primario. Na Bahia a gente chamava de pré. E professora era pró. Para que falar uma palavra inteira se você pode usar só a primeira sílaba? Pois sim. Painho foi trabalhar e eu dei o velho golpe (aliás, certamente um dos primeiros, porque eu tinha apenas cinco ou seis anos): mainha, tô com uma dorzinha na barriga, posso ficar em casa? Dona Nilma, que nunca demonstrou muito amor às letras - ao contrário de seu Fernando, liberou. O esquema era simples, mas extremamente eficiente. Uuma dorzinha na barriga ou na garganta, você fica na cama por uma horinha de relógio, corre o risco de tomar um luftal ou AAS infantil e mexe o cavalo para o xeque-mate: mainha, tô um pouquinho melhor, posso ficar lá fora? Pronto, camarada você ganhou a manhã vagabundando pelas ruas em Feira de Santana.

Naquele exato dia eu só não contava que seu Fernando tivesse esquecido algo em casa e me encontrasse doente na cama. Que doente que nada, põe logo a farda (farda para mim é coisa de militar, por isso que eu não gostava de estudar) que eu vou te deixar na escola agora. Já fui chorando no carro. A imagem que me vem: a pró do pré rodopiando em um pé só, segurando a outra canela com a mão, o outro braço erguido para dar equilíbrio e dizendo, seu Fernando, ele não está bem hoje não, é melhor levar para casa, pode deixar, pode deixar! Naquela época eu usava bota ortopédica, uma arma mortal quando usada corretamente. Essa pró sofreu na minha mão, ou no meu pé, para ser literal. Na hora do recreio eu me escondia entre os pneus e todo pessoal da escola tinha de me achar. Foi na cadeira dela que eu também coloquei uma tachinha, mas que, para sorte da pró e do meu futuro, ficou fixada na costura mais larga que divide a bunda ao meio no jeans.

Pensando bem, não deve ter sido no pré que eu fiz isso. Seria muito precoce. Mas foi na quarta série, com certeza, que eu coloquei super bonder na cadeira da pró Vera. Não deu muito certo, porque rasgou só a blusa e o plano era deixar a bunda de fora. Até hoje procuram o culpado. Será que a pró Vera ainda está viva? Ficam a confissão pública e o pedido de desculpas.

Marisa P., Sixth Grader. Acordei às cinco da manhã para fazer pão de queijo fresquinho para o primeiro dia de aula. Todo sacrifício é pouco para alguém com o meu histórico escolar que tem a chance de redenção em uma filha CDF. Marisa olha para a mesa e pergunta: para que esse tanto de pão de queijo?

3 comentários:

Professor Wallace Barboza disse...

Ótimo!

Keep up with the great job you do in writing.

Have a great week,

Wallace

Maria da Luz Delfino disse...

Com esse talento todo e não era CDF!!!
Imagine se tivesse sido! Junie B. Jones que se cuide,....
Congrats pela Marisa e good luck!

Anônimo disse...

Eita ferro!!! ta ficando bom, minha sobrinha e fera


Abraços
Daniel Solano